quarta-feira, julho 19, 2006

TEMPO
Tempo!Bendito tempo,que as dores sempre acalma,que aquieta as más lembranças,que preserva a criançaque levo escondida em minh'alma.

Tempo! Maldito tempo,que marca meu rosto com garras,que passa sobre meus sonhos,que rasga a mágica tênueda vida que se esvai nas floradas

Tempo,pudesse te dominar.sem medo, sem pejo de nada,um tango iria dançare enfeitar de alegria
os minutos que em mim se abrindo
nunca iriam passar.

Ah, tempo,pudesse te segurar
bem firme por entre os dedos,fixaria poente
sem cores de obra-prima,teceria belos casulos de luar e de neblina
para guardar meus segredos.
E os bem-te-vís, tempo,os ouviria cantar,sem pressa, parada no cais,lembrando quem bem-me-viu,e que levaste em tuas asas
para o mundo do nunca mais.

Tempo!Não tires assim meu alento,preciso já construir
as pontes dos bons intentos,romper distâncias, calar o pranto
enquanto busco o amor,que de maldade escondeste nas trevas do desencontro.

Tempo, fique mais,quero rever o mar,de longe e de perto amar,desfolhar muitos azuis,resplandecer em auroras,esquecida que nas horas
estás depressa a passar.

Por fim, como anjo vadio,planando sem eira nem beira,sobre abismos de saudade,hei de mostrar-te a verdade:não podes comigo, tempo,sou filha da eternidade.
Para reflectir...
um poema de Maria Lucia Vitor

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